Isoflavonas em Alimentos a Base de Soja e seus Benefícios
Os fitoesteróis têm se mostrado eficientes em relação à redução de lipídeos no sangue (LUKACZER, 2006). Entre os principais fitoesteróis encontrados na natureza, estão as isoflavonas. As isoflavonas são compostos fenólicos similares ao estrogênio (HARON et al., 2009; KARAN; HUI; PERERA, 2006). Os grãos de soja, bem como os alimentos de soja são fontes importantes de isoflavonas. Diversos estudos experimentais têm mostrado que a soja ou as isoflavonas possuem efeito anti-carcinogênico, assim como efeitos contra doenças hormonais, sintomas da menopausa e osteoporose. Em uma pesquisa publicada no Japão em 2003, foi encontrada uma relação significativa entre a ingestão de isoflavonas (25,3 mg/ dia) e uma redução de aproximadamente a metade do risco de desenvolvimento de câncer de mama, quando comparado a outras mulheres com consumo reduzido da referida substância (6,9 mg/ dia) (YAMAMOTO et al., 2003).
Para examinar a associação entre a ingestão de isoflavonas e o risco de infarto cerebral e do miocárdio, foi realizado no Japão um estudo com 40.462 pessoas, com idades entre 40 a 59 anos, no período de 1990 a 1992, as quais foram submetidas a uma dieta rica em isoflavonas neste período, e uma nova avaliação foi feita em 2002. Foi constatado que para as mulheres houve uma redução do risco de infarto cerebral e do miocárdio. Para os homens, segundo esta pesquisa, a associação entre a dieta com isoflavonas e os riscos para a saúde não foram significativos (KOKUBO et al., 2007). Em outra pesquisa, foi constatado que a dieta a base de proteína de soja independentemente do conteúdo de isoflavonas, produziu resultados benéficos em relação aos indicadores de risco cardiovascular em homens jovens (McVEIGH et al., 2006).
Em relação ao câncer de próstata, estudos realizados na China em homens consumidores de produtos a base de soja e isoflavonas demonstraram uma redução do risco de adquirir a doença na medida em que aumentavam o consumo daqueles produtos (LEE et al., 2003). O estudo foi delineado da seguinte forma: para cada caso de câncer de próstata comprovado em uma determinada região, outros dois homens (entre 50 e 89 anos) com as mesmas características fisiológicas e que residiam na mesma região do caso positivo, eram estudados por um período de cinco anos. O estudo recrutou um total de 265 homens de 12 diferentes cidades da China.
Ainda não há um consenso sobre o nível ideal de ingestão de isoflavonas necessário para promover um efeito ótimo em relação à saúde (OTIENO; ROSE; SHAH, 2007). Contudo em países como a China e o Japão, regiões conhecidos pela baixa incidência de problemas relacionados à menopausa e seus sintomas, o consumo estaria em média de 30 a 40 mg por dia (CHEN et al., 1999; WAKAAI et al., 1999).
A distribuição de isoflavonas em produtos de soja disponíveis no mercado é determinada pela variedade de soja, pelas condições de processamento e a diluição com outros ingredientes não originários de soja (JACKSON et al., 2002; WANG, MURPHY, 1994).
Sobre a transferência de isoflavonas do extrato de soja para o produto final, Rodrigues e Moretti (2008), em recente estudo realizado no Brasil a respeito do teor de isoflavonas em bebida de soja elaborada a partir de 2% de extrato de soja, concluíram que o teor médio de isoflavonas ficou em 85,8 mg.L-1 na bebida final. Valor próximo foi encontrado em outro trabalho também realizado no Brasil por Genovese e Lajolo (2002), onde foram avaliados teores de isoflavonas em nove tipos diferentes de bebidas de soja comercializadas no Brasil, no qual o teor de isoflavonas encontrado foi de 82,9 mg.L-1 em uma bebida produzida a partir de 2,5 % de proteína de soja.
De acordo com outra pesquisa realizada nos Estados Unidos, Setchell e Cole (2003), concluíram que o conteúdo médio total encontrado de isoflavonas em bebida de soja produzido a partir de proteína isolada de soja foi de 30,2 mg.L-1, e foi significativamente menor que o conteúdo médio de isoflavonas de leite de soja produzido a partir de grãos integrais de soja, que foi 63,6 mg.L-1.
Sobre a absorção de isoflavonas de soja em seres humanos, Izumi et al. (2000) concluíram que a forma agliconada é absorvida mais rapidamente e em maiores quantidades do que a forma glicosídica no organismo humano. Isoflavonas glicosiladas sofrem hidrólise prévia a agliconas por ação de β-glicosidases intestinais antes de serem absorvidas pelo organismo humano (SETCHELL et al. 2003). É bem relatado que durante o processamento das sementes de soja, a produção máxima de agliconas ocorre a 45 ºC em pH 5,5, e a inativação de β-glicosidades a 60 ºC e pH abaixo de 4,3 e acima de 7 (MATSUURA; OBATA, 1993).